O amor Também é feito de Calor...

                Ela gira, rodopia, em ritmos lentos e frenéticos, o suor escorre por seu peito seminu, os cabelos castanhos desgrenhados, o Vestido branco e curto grudava ao corpo. Ana gargalha, seu olhar irradia sensualidade, ela parece nem notar... Pedro observa meio de longe, seu corpo totalmente consciente da proximidade daquela menina mulher... “Ana” ele balbucia... Ela lhe sorri, o sorriso mais bonito que já viu... Pedro é Alto, esguio, Cabelos negros com mechas que lhe caem nas temperas, rosto firme e bonito, as mãos calejadas do trabalho agora suam, seu coração é um punho fechado, carregado de dor, jamais a teria, ele não era ninguém, enquanto Ana ia de carro a escola, Pedro estudava de madrugada no silencio de sua casa, usando os livros gastos que foram de seu primo Eduardo. Ele só tinha três ou quatro mudas de roupas, e ela? Ele nunca a vira com nenhuma roupa repetida durante todos os meses que a vira, a não ser por um cordãozinho prateado com um pingente que lhe parecia uma flor, este ela sempre o tinha no pescoço. 

               Ela continuava ali, a sua frente, dançando, seus pés acariciavam a areia, o cheiro do mar se misturava ao dela. Pedro precisava sair dali, estava se torturando, se levantou e olhou-a mais uma vez, ela estava linda. Ana parou de dançar, fez uma careta de interrogação, pediu desculpas as amigas e seguiu sem vacilar ao encontro de Pedro. Ela se aproximava devagar enquanto ele a olhava estupefato, num estimulo involuntário, a pegou pela cintura, sua respiração saia falha, a beijou, ela correspondeu com necessidade. A felicidade e o desejo explodia por todos os poros do corpo de Pedro, suas mãos contornavam as costas macias fazendo-a gemer baixinho, sussurrou em seu ouvido “ Ana pelo amor de Deus,vamos sair daqui”. Ele caminhava cegamente pela praia, segurando firme a mão da menina que sem saber porque, amava... Cravava com força os dentes na boca, afim de se convencer de que não estava sonhando... Medo, euforia e desejo se amontoavam em seu corpo sem fazer fila, vinham de uma só vez, em espasmos rápidos, não conseguia formular os pensamentos, sua mente era um borão, seus lábios se moviam entre apertos e sorrissos inconcientes. Logo encontraram um quiosque de pescaria gasto pelo tempo, o mar parecia saber o que estava para acontecer, as ondas quebravam na praia formando música, o vento havia cessado um pouco, em seu lugar uma caricia silenciosa de pequenos assopros. Naquela barraca velha se aliava os mais belos sentimentos, haveria promessas, dúvidas, medo, paixão... Ana pura, Pedro inseguro. Ambos vitimas do amor, vitimas de algo insaciável, seqüestrados por uma paixão avassaladora... destinados a sofrer para estarem ‘juntos para sempre’.

 

 

                                                                                                                              [Poliana Fonteles]

 

"O amor é um modo de viver e de sentir. É um ponto de vista um pouco mais elevado, um pouco mais largo; nele descobrimos o infinito e horizontes sem limites."

[Gustave Flaubert]

"Tão bom morrer de amor e continuar vivendo."

[Mário Quintana]

"Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure."

[Vinícius de Moraes]

"Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis."

[Carlos Drummond de Andrade]