segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Desses sonhos que viram pesadelo quando acordamos...



O primeiro momento: estranheza. O segundo: estranheza... E assim por diante, me indagando quem sou eu por detrás do espelho, como se meu reflexo tivesse vontade própria, desabotoando, vestindo, trocando... Acordando como quem passasse a vida num caixão de vidro. Amassada, sem brilho, peneirando o sol, contando estrelas.
Aspiraram minha luz transformando em fogo que arde em um só lugar. 
 O eu do espelho me assombra, seu olhos opacos me assustam, me faz pensar em cadáveres congelados. O branco pálido de seus dedos contorna o vidro que nos separa deixando marcas de pele transpirando, esta viva. Com a outra mão ela abre os botões da camisola de flanela, crava-a no peito e arranca o coração... Medo, sons, consciência, me forço a abrir os olhos, grito... Acordo ofegante. Ligo a luz do abajur do lado da cama, olho a toda volta. Abraço-me, me sinto, vou até o banheiro, lavo o rosto. Por cima de meus livros pego meu celular, uma mensagem de texto “Podia ter sido diferente. Onde está seu coração?”.


[Poliana Fonteles]

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