O café fumegava na chaleira recém saída do forno. Das janelas abertas o sol se infiltrava debilmente, com suaves linhas amareladas brilhando pelo chão de pinho polido. Na mesa a manteiga derretia sob o pão farto recheado de salame temperado.
Os pés descalços, pernas nuas, vestida apenas uma camiseta de botões. O corpo esbelto parecia ser imune ao intenso frio da manhã. Ana cantarolava baixinho algo que lembrava muito pular corda e amarelinha. Cortava o queijo coalho, torrava o bacon. Sentindo em cada poro a felicidade se dilatando por todos os cantos, dançando em volta da mesa, voando pela janela a fora.
Olhou a mesa posta e se encheu de sua confusão particular. A sensatez reclamava raivosa de algum canto do inconsciente, enquanto a inconseqüência lhe dominava a alma, lhe sucumbindo os sentidos. Fechou os olhos tentando conter a nostalgia que corria por entre os cabelos, pele e vísceras. Ela era toda paixão, daquelas que lhe roubam de si mesma e não a devolvem mais. Ainda de olhos fechados senti o cheiro de sexo, loção pos barba e promessas. Mãos fortes lhe puxam pela cintura, uma boca quente lhe beija a nuca. Os pensamentos se desmancham, dando lugar ao desejo. Os pratos e talheres são jogados ao chão. Na mesa da cozinha o delicado amor é decomposto em pura e simples paixão.
[Poliana Fonteles]
U-a-u!! Amei a descrição de uma manhã linda que por inconsequência e confusão dos sentimentos havia se tornado meio turbulenta.
ResponderExcluir'Meio' que me vi nas tuas linhas..
Um beijoo'o
desconcertante seu texto ele toma forma de uma paixão singela e simples como um simples tomar de cafe com aquele que amamos...
ResponderExcluirParabéns pelo seu belo texto
beijos
Ai esse começo me deu água na boca! ahahhaha
ResponderExcluirJá pensou em escrever um livro? Ou participar de algum concurso literário...
beijinhos
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